Cineclube UEMS: sessão de 12/06/2025

 


Quando olhamos as constantes evoluções tecnológicas do mundo nos deparamos com a impressionante e, ao mesmo tempo perturbadora, Inteligência Artificial (IA) que está cada dia mais presente no cotidiano popular.

Num mundo onde tantos estímulos podem ser tanto benéficos para o imaginário popular, quanto prejudicial, observamos cada vez mais o impacto da tecnologia na saúde mental da sociedade.

No dia 12/06/2025, o Cineclube UEMS deu espaço a estudantes do 2º ano de Bacharelado em Letras, que apresentaram seminários sobre curta-metragens escolhidos por eles. As apresentações servem de conclusão da disciplina Introdução à Linguagem Cinematográfica por parte da turma de 2025.

O primeiro filme, "Eu não sou um robô" (2021), dirigido por Gabriela Lamas, produzido por Maurilio Almeida e o roteiro de Felipe Yurgel, aborda um contexto em que as tecnologias nos fazem questionar o que é ser humano e como provar isso em um meio cada vez mais dominado por tecnologias e IAs. Em meio a uma Pandemia, onde a humanidade perdeu a sua proximidade humana, Tânia (Gabriela Lamas) acaba em diálogo existencialista com o único companheiro presente no seu apartamento, que neste caso é uma mosca antropomórfica que está vasculhando o seu lixo.

A partir daí, somos levados a entrar em uma viagem existencial e filosófica sobre a nossa própria humanidade que é cada vez mais posta à prova a partir da constante evolução das tecnologias e das IAs. E "Eu não sou um robô" abre um espaço para justamente questionarmos isso. O curta estimulou a reflexão dos presentes na sessão; a junção da pauta das IAs com uma ambientação que remete à isolação traumática da recente pandemia de COVID-19 trouxe questionamentos que, inquietos nas mentes dos espectadores, revelaram que a pergunta “O que é ser humano?” preocupa muitos no panorama tecnológico atual.

O segundo curta, “Paralelos” (2007), dirigido por Alexandre Basso, remete a um passado muito mais distante. Pedro é uma criança que vive à beira dos trilhos de um trem que nunca chega, por mais que seu pai o leve a crê-lo. O mesmo Pedro se tornaria um andarilho, agora adulto, que dorme em vagões de locomotivas, perambula os mesmos trilhos e ouve, como quando criança, sons do veículo indo e vindo – porém, o rangido metálico é cada vez mais alto e perturbador. A existência melancólica do protagonista, assim como a de seu pai, e o desespero de sua mãe, contrária à posição de espera fútil do marido, são a força por trás do que os letreiros finais explicitam como uma homenagem aos que ficaram para trás quando o Trem da Morte foi abandonado. O Trem, que servia como passagem de Corumbá até a Bolívia, parando no Peru, destituiu muitos de sua fonte de renda.

Alguns frequentadores compartilharam sua experiência com o próprio Trem, enquanto a nostalgia instigou um debate sobre o apagamento cultural em Campo Grande devido ao descaso com marcos históricos, como ressaltou a apresentação oral. A discussão também tocou na diferença da imediatez dos dois curtas: temas como a pandemia e inteligência artificial contrastaram com o resgate de uma história que muitos jovens presentes desconheciam. Ademais, a caracterização dos personagens de “Paralelos” não é tão abrangente como no fluxo de consciência de “Eu Não Sou um Robô” – embora similarmente importantes e férteis para reflexão, eles se diferem nas suas abordagens, sendo um mais propício à experiência empática e o outro mais filosoficamente carregado.

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