Cineclube UEMS: sessão de 03/04/2025
Neste momento importante em que “Ainda Estou Aqui” conquista o mundo com seu testemunho de um período sombrio do nosso país, o Cineclube UEMS está de volta com “Torre” (2017), um curta de animação centrado nos relatos dos quatro filhos do primeiro desaparecido político da ditadura militar no Brasil, Virgílio Gomes da Silva. Coletando memórias vagas mas impactantes de suas infâncias, os entrevistados relembram o pai ora presente, ora ausente, e como cada um manteve a imagem dele após desaparecer e nunca mais voltar. O filme foi celebrado com diversos prêmios, como o de melhor curta no Festival de Gramado, além de ter sido eleito um dos 100 melhores curtas brasileiros de todos os tempos pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE) em 2019.

A sessão contou
com a participação especial do Prof. Dr. Rosicley Coimbra, que desenvolve no
pós-doutoramento o projeto de pesquisa ‘Configurações da memória pós-ditatorial
em narrativas da literatura brasileira contemporânea’. O docente se apresentou
entre a exibição do filme e o debate aberto, onde refletiu sobre a situação
atual do Brasil em relação à ditadura.
No aniversário de 61 anos do golpe de 1964, o qual instaurou um regime supressivo até 1985, o professor ressaltou a importância do sucesso de “Ainda Estou Aqui” para o reavivamento do debate sobre o regime militar, não só na academia, mas também no público geral. Também reforçou o papel da Arte como um espaço de livre expressão para aqueles afetados por esse histórico violento, e como relembrar e escavar esse passado, analisando criticamente o trauma, é essencial: às vítimas foi negado um desfecho, e para todos brasileiros se intensifica a ameaça de um novo totalitarismo.
Esta ameaça esteve presente em muitos atos públicos, seja o apoio da população à anistia, seja na hesitação do Estado em oficializar seus crimes; a posição de políticos em favor do regime militar e de ex-torturadores, alerta Rosicley, ainda persiste, e a violência que sabota a democracia é um perigo em tempos de tamanha polarização política.
Ademais, os presentes compartilharam sua experiência em relação ao assunto. Uma docente convidada relatou que o debate sobre este tema é pouco e o espaço universitário é ideal para que isso não seja esquecido. Além disso, foi reforçado que já na escola professores evitam tocar no assunto.
Sobre o filme exibido, foi observado que os filhos de Virgílio Gomes representam aspectos diferentes do trauma, desde uma visão mais esparsa, em que há uma abordagem como que histórica das memórias, até as experiências mais marcadas pelas cicatrizes emocionais.
Não perca a próxima sessão! Teremos a exibição de filmes e debate logo após.
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