Filme 01: CRÍTICA: Medianeras (Gustavo Taretto, 2011)
FILME 01: Medianeras: Buenos Aires da era do amor virtual
MÓDULO: O contemporâneo em questão
DATA DA EXIBIÇÃO: 04/04/2018
DATA DA EXIBIÇÃO: 04/04/2018
HORÁRIO: 16:30 h
SALA: Laboratório Multimídia (Bloco F - UEMS - UUCG)
MEDIANERAS: UM CONVITE AO OLHAR
Já faz alguns
anos que Gustavo Taretto lançou um filme síntese das relações amorosas na
contemporaneidade: Medianeras: Buenos
Aires na era do amor virtual (Argentina, 2011) e surpreende notar o quanto
essa produção, aparentemente despretensiosa, permanece atual.
Nessa película,
um dos mais criativos de sua geração atualiza em contexto portenho as
fragilidades e desencontros nas relações humanas minuciosamente analisadas por
Zygmunt Bauman no início do século em Amor
líquido. Mas não só. Porque ao realizador argentino não interessa o estudo
sociológico da questão (perspectiva mais próxima de seus compatriotas Pablo
Trapero, diretor de cinema, e Beatriz Sarlo, ensaísta, por exemplo), mas antes narrar
sua própria metáfora de como a pós-modernidade influencia e condiciona os
sentimentos e os afetos.
Um signo
inequívoco desse processo é a onipresença da internet, desde os conhecidos chats
de namoro (precursores dos aplicativos...) até os sofisticados jogos no
computador, dentre eles, até mesmo um prescrito pelo próprio psicanalista com a
promessa de combater vários distúrbios do sono. Dormir pouco é apenas um dos muitos
males de que padece o protagonista, Martin, um criador bem sucedido de websites,
próximo à casa dos trinta anos, que se vê mergulhado numa solidão atroz.
No extremo oposto
surge Marina, arquiteta que não conseguiu se firmar na profissão e que acaba de
sair de um relacionamento morno. O que une essas duas pessoas que à primeira
vista parecem ter pouco em comum? O mundo virtual e a cidade de Buenos Aires, onde
vivem na rua Santa Fé, com seus prédios de várias épocas e estilos
arquitetônicos que atestam a memória, a história, o flerte com a vanguarda, a
presença incontornável do kitsch, em
suma, tudo que há de desordem urbana intercalada com uma beleza arredia e
caótica.
É nesse cenário
que vamos encontrar os personagens mergulhados em aflições e dúvidas. Quem
assistir ao filme, no entanto, atestará a singular habilidade de Taretto de abordar
questões viscerais da psicologia humana com profundidade e otimismo na medida
certa. Arriscaria dizer que ele conjuga o que há de melhor no cinema argentino
atual: a percepção dramática do peso dos grandes eventos pelos quais passa o
ser humana, como faz magistralmente Daniel Burman, com o lirismo e a poesia do
melhor Juan José Campanella. A todos os
cinéfilos que quiserem nos acompanhar, um ótimo filme e um debate estimulante!
Lucilene Soares da Costa
(professora do curso de Letras da UEMS - UUCG)
(professora do curso de Letras da UEMS - UUCG)
Do ponto de vista formal, o filme faz uma instigante subversão dos esquemas da comédia romântica. Muito bom.
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