Debate: "intervenção", o comércio de drogas e a ética da abordagem policial
Na última sessão do Cineclube UEMS, em 03/10, foi exibido “Intervenção”, curta de 2017, dirigido por Isaac Brum Souza, e logo após os presentes se engajaram num debate rico sobre o filme que viram e a realidade do crime e do policiamento nas metrópoles. Aqui apresentamos um registro das contribuições dos espectadores.
Foi levantada a questão da assimetria organizacional do militarismo, na qual os cargos mais baixos sofrem com uma hierarquia que pune os soldados. Como exemplo, foi dado o lugar dos políticos que, visando garantir sua eleição, forçam a polícia a ser opressiva. Foi notado que, ao serem pressionados por um superior, os policiais em destaque no filme não demonstram reação, mas depois “descontam” na primeira pessoa que abordam violentamente.
Também discutida foi a questão do negro ser discriminado não só fora da polícia como também dentro, o que parece ter sido o maior fator para o excesso de força do policial negro, que representaria como policiais como ele também são prejudicados pelo preconceito, o que leva à rigidez como forma de garantir seu emprego.
O final do filme foi o elemento mais discutido no dia. A abordagem de Dudu trouxe à tona a diferença de tratamento dele à do seu amigo de infância Cazé; similarmente à cena no mercado, Cazé é um homem branco no ponto de drogas, é pego com a mercadoria ilícita no bolso, mas é eventualmente solto pelos policiais, enquanto Dudu é perseguido e pego com uma quantidade de dinheiro maior do que um motoboy negro “deveria” ter.
Isso também levou um participante a comentar que o consumo de drogas é mais perigoso para alguém da periferia. O policial assume que Dudu compraria para revender, enquanto Cazé, que se revela um revendedor de fato mais ao final, não só corre menos risco em comprar para seu próprio consumo como para negociar as substâncias.
Risco esse que é representado no quadro final, que contempla a moto de Dudu. Segundo as interpretações dos presentes, o final deixa o desfecho para a imaginação do espectador; é possível que, por prisão ou por morte, Dudu não tenha mais como voltar para sua moto, enquanto a duração da cena indica como algo assim é corriqueiro.
Não perca as próximas sessões, a cada primeira quinta do mês! Teremos a exibição de filmes e debate logo após.
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